O GEEMPA, Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação

As finalidades do GEEMPA são o estudo e a pesquisa para o desenvolvimento das ciências da educação, a realização de ações efetivas visando a melhoria da qualidade do ensino, junto a professores e técnicos que atuam na área educacional, assim como junto a autoridades responsáveis pelo planejamento e execução da política educacional e a formação e orientação de professores, técnicos e profissionais ligados à educação.
A tecnologia do Geempa implica em uma renovação metodológica profunda. Ela trabalha com um novo paradigma e requer atualização de parte dos professores, sobre os quais recai a principal responsabilidade do êxito do programa. Eles devem ser apoiados pelos supervisores, orientadores e coordenadores, que também são convocados a se formarem nesta metodologia.

As grandes diferenças entre a proposta pós-construtivista e outra são:

PÓS-CONSTRUTIVISTA

NÃO PÓS-CONSTRUTIVISTA

* o ensino se apóia no pensamento dos alunos

* o ensino se apóia nos conteúdos

* considera a aprendizagem um fenômeno social e organiza a interação na sala de aula através de pequenos grupos de alunos

* considera a aprendizagem um fato individual e estabelece relação entre professor x aluno

* aposta que todos podem aprender

* alguns alunos não podem aprender

* avalia durante o processo para planejar

* avalia como critério de classificação dos alunos

* o ritmo de aprendizagem é impresso pela tecnologia.

* o ritmo de aprendizagem é considerado individual a cada aluno

domingo, 31 de outubro de 2010

Entre Aprendizagem e Desejo - Sara Pain

Entre Aprendizagem e Desejo

Conhecendo Sara Pain
Revista Scientific American - por Márcia Cristina de Oliveira Mello


Psicóloga e educadora argentina, hoje com 78 anos e em atividade chama atenção para importância de aspectos psicológicos da aprendizagem.

Formação acadêmica sólida, preocupação em valorizar o aluno como um agente do processo educacional e inquietações sociais - em um período em que eram pouco abordadas - fazem da argentina Sara Paín uma referência não apenas nas pesquisas sobre cognição, mas também nas discussões sobre formas mais eficientes de en­sinar, levando em conta aquele que aprende, sua forma de pensar e os desdobramentos da assimilação intelectual. Ela defendeu uma ideia que hoje pode parecer óbvia, mas há algumas décadas encontrava resistência: a necessidade de que professores conhecessem características e potenciali­dades dos alunos para melhor auxiliá-los. Sua considerável produção intelectual, voltada para a educação, é articulada principalmente com o materialismo histórico dialético e com as teorias de Jean Piaget e Sigrnund Freud. Algumas questões básicas norteiam seu trabalho. Entre elas: como concebemos o ser humano que nos propomos a educar e como concebemos seu pensamento.

Nascida em 1931, doutorou-se em filosofia pela Uni­versidade de Buenos Aires e em psicologia pelo Instituto de Epistemologia Genética de Genebra. Trabalhou como professora universitária, ministrando disciplinas relacio­nadas à psicologia, mas devido a sua posição política foi obrigada a exilar-se na França, país onde mora desde 1977, onde foi professora da Universidade de Paris XIII e da Faculdade de Psicologia, em Tolouse. Também as­sumiu o posto de assessora da Unesco para problemas de inteligência e aprendizagem.

Desde seus estudos no doutorado, na Suíça, ela se preocupou com as crianças que tinham dificuldade para acompanhar os colegas na sala de aula. Voltada a esse tema, estudou a constituição do sujeito, considerando a necessida­de do aluno se perceber como alguém que existe no mundo - e que aprender deve fazer sentido para ele. Paín sustenta que a apreensão e incorporação de informações não se produzem por impregnação, mas por uma ação dirigida ao aluno, oferecendo-lhe condições para que ele desenvolva suas próprias hipó­teses e construa o conhecimento. “A apropriação desse saber é natural nas crianças que não têm problemas de aprendizagem", afirma a psicóloga e educadora. Para ela, não basta o diagnós­tico dos problemas de aprendizagem, é preciso contar também com um psicodiagnóstico abrangente.

• Os quatro fatores

No livro Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem (lançado no Brasil pela Artmed, em 1985), Paín oferece importante contribuição aos psicopedagogos e professores. Ao conceituar o problema de aprendi­zagem como um sintoma que não se configura em um quadro permanen­te, a autora enumera quatro grupos de fatores que precisam ser levados em consideração no diagnóstico: orgânicos, ligados ao desenvolvimen­to geral da criança e sua qualidade de vida; específicos, relacionados a transtornos na área da adequação perceptivo-motora, psicógenos, que se constituem como inibição e defesa; ambientais, vinculados ao acesso do sujeito ao saber elaborado (científi­co) em seu meio.

Ao tratar do problema da apren­dizagem em uma perspectiva mul­tifatorial, Paín sustenta que todo diagnóstico é sempre uma hipótese inicial que precisa ser verificada em cada momento da relação com o aluno. Daí a importância de a família e a escola não enfatizarem as difi­culdades, pois muitas delas podem ser compensadas e superadas - já a supervalorização tende a reforçá-las como algo inerente ao aluno.

No campo da alfabetização o pensamento da educadora con­tribuiu para a compreensão dos motivos que levam muitas crianças ao fracasso na escolarização inicial. Dessa forma, desde os anos 80 alguns psicólogos, professores, psi­copedagogos e outros profissionais do ensino encontraram na teoria de Paín um referencial importante, es­pecialmente porque suas ideias dão conta das dimensões da objetividade e da subjetividade do pensamento do aluno que aprende ou não aprende.

Em 1989, Sara Paín escreveu que o professor precisa estimular o aluno à participação e ter tolerância em "períodos necessários de ensaio e confusão e aceitar comportamentos considerados errados, como reações próprias de uma etapa do processo de aprendizagem". A alfabetização, para ela, deve ser um momento de alegria - e, em grande parte, cabe ao professor propiciar esse ambiente na sala de aula.

Um dos pontos mais enfatiza­dos pela psicóloga - e uma de suas contribuições - é o de que a escola tem a importante função de favore­cer o desenvolvimento das crianças como pessoas autônomas, para que desenvolvam a capacidade afetiva e intelectual necessária à aquisição de conhecimentos. Para a autora, a escola precisa produzir uma didática fundamentada em conceitos científi­cos, que favoreça o aprendizado, in­dependentemente do grupo social ao qual cada aluno pertence.Ela acredita que o conhecimento deve ser proprie­dade de todos, mesmo daqueles com alguma dificuldade.

• Bem perto do Brasil

Hoje, aos 78 anos, Sara Paín participa com frequência de atividades acadêmicas e cientí­ficas na França, na Argentina e no Brasil, onde integrou projetos e atuou como consultora de instituições. Contribuiu no Grupo de Estudos sobre Educação e Metodologia de Pesquisa e Ação (Geempa), em Porto Alegre; no Centro de Estudos Psicopedagógicos do Rio de Janeiro (Cererj); no Centro de Estudos Educacionais Vera Cruz (Cevec) e no Projeto Humanidades 2000, os dois últimos em São Paulo. Sua relação com os brasileiros se intensificou em 1991, com a realização de um evento em São Paulo, organizado pelo Núcleo de Estudos Sara Paín (Nesp), fundado um ano antes e coordenado pela psicóloga Sonia Maria B. A. Parente.

A aventura do conhecimento

Ao formular sua teoria, Sara Paín sustenta que há relações entre o desejo e o conhecimento, e que a capacidade de aprender está vinculada a quatro estru­turas fundamentais: o organismo, o corpo, a estrutura cognitiva ou a inteligência e a estrutura dramática. Tudo aquilo que nos permite funcionar equilibradamente faz parte do organismo. Além de fazer a regulação funcional de trocas com o meio, são inscritos esquemas perceptivo-motores e automatismos, o que é funda­mental para a aprendizagem, pois permite a aquisição de novos conhecimentos. A aprendizagem da leitura e da escrita, por exemplo, requer automatismos audiofônicos, gestuais e grafomotores. Paín assinala que o sistema neurológico deve estar completo e bem desenvolvido, caso contrário a aprendizagem será enfraquecida, porém nunca anulada. Como o organismo representa memória ativa, outras regulações orgânicas interferem no desempenho da criança: acuidade visual e acuidade auditiva, possibilidade de construção de coordenações reversíveis, audiovisuais e grafomotoras.

O corpo, na definição de Paín, é o centro em que ocorrem todas as coordenações percepto-motoras. Na aprendizagem, o corpo é ativo e ao mesmo tempo campo de ressonância das emoções e do prazer. Na aquisição da leitura e da escrita o corpo participa ativamente, e isso é observável nas estratégias usadas como ponto de referência, como seguir as palavras com o dedo, movimentar a pupila e a cabeça. Se a aprendizagem for significativa, o prazer de decifrar algo se desloca para o prazer da compreensão do texto e da atribuição de sentido a ele. E, para Paín, quando o aluno encontra um sentido naquilo que lê, descobre também uma fonte de afetos.

A inteligência tem estreita proximidade com as estruturas cognitivas, e as dificuldades da leitura (uma atividade inteligente) são dosadas pela capacidade global de compreensão e não pela falta de habilidade específica para o ato de ler. De acordo com a teoria de Jean Piaget, aprendemos porque temos mecanismos assimiladores à disposição para tal. Pela assimilação e acomodação um novo estímulo se converte em um esquema mais complexo que o anterior, e sucessivamente conteúdos cada vez mais complexos vão se tornando conhecimento.

A dimensão dramática está relacionada ao desejo, considerado uma re­presentação que ocupa o lugar da falta (só desejamos porque algo nos falta). Para Paín, inteligência e desejo complementam-se. Assim, é preciso haver um jogo dramático no processo de aquisição do conhecimento, em que o papel do professor deve ser proporcionar situações de aprendizagem nas quais o aluno possa aplicar uma série de estruturas lógicas para construir o conhecimento, como se essa fosse uma grande aventura. Paín observa que muitas crianças não aprendem a ler e a escrever no início da escolarização porque a leitura e a escrita não fazem parte do seu cotidiano; elas não têm motivo para aprender - e a não aprendizagem é o jeito que encontram para se defender de uma situação que Ihes parece estranha e às vezes invasiva.

3 comentários:

  1. Geempianos de Araruma, vamos ler um pouquinho sobre a dramática na sala de aula?

    Bjos
    Adriana

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  2. Oba, mais um Grupo Geempiano pelo Brasil afora....
    Já estou seguindo vcs, pois tb sou 100% Geempiana, hehehehe!!!!
    Parabéns pelas postagens, muito interessantes....
    Convido a visitarem meu blog:
    http://blogleamarques.blogspot.com/
    Abraços e sucesso... Léa Marques

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  3. MUITO BOM,O RESUMO DE PARTES DO LIVRO.
    A PRENDIZAGEM NAS SÉRIES INICIAIS REQUER,ESFORÇO E DEDICAÇÃO,TEMOS QUE CHEGAR AOS NOSSOS ALUNOS,OLHAR PARA CADA ROSTO,E EXPLICAR QUE NOS TEMOS EMES FATORES DE MÉTODOS DE APRENDIZAGEM,E TENTAR IMPLANTAR.
    POIS NINGUÉM REPRODUZ O QUE NÃO SABE., FUI, BUENO FINAL DE SEMANA.

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